Enche de silêncio o coração.
E, ainda que todas as turbas ruidosas
Assaltem o homem isento de desejos,
Ele habita em profundo silêncio,
Contemplando, sereno, o louco vai-e-vem,
Porquanto tudo o que existe
É um incessante vir e voltar,
Um nascer e um morrer.
O que retorna volta ao Imperecível.
Quem isto compreende é sábio.
Quem não o compreende é autor de males.
Quem é empolgado pela alma do Universo
Alarga o seu coração.
E o homem de coração largo
É tolerante,
E o tolerante é nobre.
O homem nobre cumpre a ordem cósmica.
E quem cumpre esta ordem
Se identifica com Tao, o Infinito.
É imortal como Tao
E não subjaz a destino algum.
"Quando o homem ego-pensante se torna cosmo-pensado cedo ou tarde por ser cosmo-pensante: o seu pequeno pensar egoísta passa a expandir-se no grande pensar cósmico. No princípio, parece que o seu ego-humano sofre prejuízo, perecendo; mas, por fim, verifica que, na linguagem do mestre, o grão de trigo (ego) não morre realmente, mas expande a sua estreiteza na largueza da planta frutífera (Eu).
As palavras de Lao-Tsé acima reproduzidas são uma perfeita paráfrase destas palavras do Nazareno, ou ainda das palavras de Paulo de Tarso: "Eu morro todos os dias - e é por isso que eu vivo". Todas as verdades dos grandes Mestres da humanidade aparecem sob a forma de paradoxos."
Referências:
Tao Te Ching - O Livro Que Revela Deus
Lao-Tsé / Huberto Rohden (Trad.) - Martin Claret
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